“Dai, pois, a César o que
é de César, e a Deus o que é de Deus”. E eles ficaram admirados com Jesus. (Mc
12,17)
Sempre ligamos o texto acima à justiça, se é certo ou não pagar
impostos ao governo ou o dízimo à Igreja. Todavia gostaria de convidar-lhes a
lançar um olhar diferente.
Diante de um mundo que caminha para o relativismo, que incentiva
a depreciação dos valores humanos mais profundos, e que tem descaracterizado a
imagem da pessoa humana, somos chamados a reconstruir esta imagem.
Cada vez mais a imagem do ser humano está sendo associada aos
prazeres efêmeros e estéreis, perdeu-se a identidade própria, as pessoas se
tornam naquilo que e os outros esperam que sejam, e para fazer isso, abrem mão
de sua dignidade e amor próprio.
Em Gênesis 1,26-27 o escritor sagrado afirma que Deus criou o
homem à sua imagem e semelhança.
Juntando o texto de Marcos ao de Gênesis, podemos ver com outra
perspectiva a afirmação de Jesus.
É uma questão de lógica, se na moeda está gravada a imagem de
César, esta lhe pertence por direito e deve ser-lhe devolvida.
Se portanto fomos criados a imagem e semelhança de Deus, está
impressa em nós a Sua imagem. E se seguirmos a linha de pensamento de Jesus “...
dar a Deus o que é de Deus”, não deveríamos sempre voltar a Deus a nossa vida,
já que a imagem impressa revela a quem pertencemos?
Esta imagem está gravada desde sempre em nós, e produz em nós
uma inclinação natural às coisas do alto, pois de lá viemos e para lá temos que
voltar.
Precisamos redescobrir a quem pertencemos e fazer o caminho de
volta. Precisamos resgatar a nossa identidade seqüestrada ainda que esse
resgate custe tempo, suor e lágrimas, pois só assim o nosso coração encontrará
paz e saciedade, pois disse Jesus “... aquele que beber da água que eu lhe der
jamais terá sede. (João 4,14)
Fabrício Alves